Originalmente definido como um conjunto de mapas, organizado para fazer caber o mundo num livro, a partir de certa altura começaram a fazer-se atlas com outras imagens. São sempre dispositivos visuais que, através da montagem de imagens e
da sua colocação em série, permitem ver um todo através da articulação das suas partes – o todo do mundo ou de um corpo, por exemplo. São orientados por uma
lógica
cumulativa, como colecções, e por uma lógica analítica e comparativa, pela montagem. Na sua
organização
propõem um percurso por um espaço, uma disciplina, uma questão. São viagens em imagens. Séries que
contam histórias do que se vê e do que fica escondido, nos intervalos. Atlas de um Cinema Amador
é
uma viagem por um território não mapeado. Ao longo de 13 episódios esse
território será explorado e descoberto. São 13 cartografias, percursos possíveis entre outros,
infinitos, por um outro cinema, sem nome estabilizado. Um cinema feito fora dos circuitos oficiais e
profissionais, na maioria das vezes movido por motivos emocionais, cinema que tem ficado fora da
história e fora dos arquivos, fechado em lugares privados, invisível ou descartado. Estima-se
que, ao
longo da história do cinema, apenas 1% do cinema amador e dos filmes de família foi
preservado. Os outros 99% são filmes perdidos e ainda hoje alguns deles se encontram no lixo ou à
venda
em feiras de velharias. Esta série vai à procura do que resta desse cinema e, através do comentário,
da
montagem e remontagem dessas imagens, propõe desenhar um atlas que contrapõe à história oficial, uma
outra, feita de narrativas e imagens não oficiais, privadas e sem nome. Atlas de um Cinema Amador
é
uma viagem em imagens a uma outra história do cinema.